16 de fev. de 2009

Pura Arte Máscaras



Dance sua vida!


Dance sua vida

O acaso, sim, tira a esperança
Quando queremos que no caso, haja caso
Mas, por mais que isso pareça descaso
É só um instante em que a vida dança.

E não te lança a crença da má-sorte!
Torna-te teu dono e seja tua própria fé
Tua mente te liberta, te faz forte
Quando olhar onde pisar com seus pés.

Tal fato parece impossível feito
Mas quem aqui nunca precisou d'um leito?
E que tal leito teu, amor teu?
O mundo te torna o ser que é só seu.

Se vives da esperança! Cuidado! A vida dança
No mundo ao redor, há muitas lanças...
Por isso, não sejas balão cheio de ar
Sua fragilidade pode te perfurar.

Foges ao mundo supérfluo por ignorar o essencial
E o supérfluo acaba afundando a sua profundidade
Enfrente o simples de toda essa sua moral
Que é fruto de uma insaciavel e absurda vaidade.

Verás que a felicidade está em se aceitar
O mundo não é perfeito, não há ar no mar
flores no inferno nem dores inesquecíveis
Mas há toda a vida repleta de coisas belamente incríveis.

Rodrigo Ferreira Santos

12 de fev. de 2009

Elson Fróes

Sem Cautério

Aqui a ferida
respira enquanto arde
sua metamorfose
solitária

para saber abrir
flore no ar
à flor da pele
nova

Está aqui e ferve
como se um sol
ardesse prestes
a desatá-la
dor de não saber
incerto tempo
transferir
um eu jorrado
fora

Esta que se recobre
escudo contra
casca sem fruto
polpa em brasa
labora enquanto
segrega sua cola
secreta cicatriz por
coda

Eis aqui o intato
campo de batalha
que o esquecimento
por fim ressecado
cimento tatuado
à superfície remende
e não se relembre
a fúria quando
corta
um sono profundo


Elson Fróes

3 de fev. de 2009

Não Sei Quantas Almas Tenho





Air Supply - Lost in Love

Não Sei Quantas Almas Tenho

Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não atem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que sogue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo: “Fui eu?”
Deus sabe, porque o escreveu.


Fernando Pessoa